Mulheres da minha vida

A primeira foi aos meus 5 anos.
Estava passando as férias de julho na casa de uma tia. O prédio em que ela morava tinha algumas crianças, das quais fiquei amigo. Aquele tipo de amizade instântanea que só acontece na infância. Por coincidência, no final de semana em que cheguei, era aniversário de um desses amigos. Foi na festa.
Não lembro de muitos detalhes do dia, mas com exceção do nome, me lembro de tudo sobre ela. Me apaixonei pelos
seus cabelos loiros, suas tranças longas, seu vestidinho rosa e sua pele rosada. Foi a primeira vez que senti ciúmes, quando ela brincava com outra criança e também saudade, quando ela desaparecia na multidão de desconhecidos. Foi também a primeira vez que conheci aquele defeito que quebra suas ilusões sobre a pessoa. Quando sua mãe a chamou para ir, ela começou a chorar. A primeira de muitas vezes que a realidade matou a expectativa. Acabou. Muito mimada.
A segunda vez não demorou a acontecer. Acho que fica mais fácil. Era uma colega de maternal. Foi o longo cabelo, liso e preto, sua pele branca e as sardas que pipocavam em seu rosto. Um dia, no recreio, atrás da nossa sala de aula, vi ela distribuindo beijos para garotos ansiosos que formavam uma fila em sua frente. A primeira traição amorosa.
Depois dessa decepção, demorou um tempo até se repetir. Quinta série. Cabelos castanhos, nariz com a ponta redondinha e seios em formação. Mas falava pobrema e vivia em recuperação.
Primeiro ano. Cabelos pretos, na altura dos ombros, lábios carnudos, olhos azuis, seios formados, a melhor bunda do colégio e inteligente. Nos trabalhos em grupo, virava a pior pessoa do mundo. Tudo tinha que ser do seu jeito, todos estavam errados, dizia que estava carregando o grupo nas costas.
Segundo ano. Cabelos e olhos cor de mel, dente da frente lascado e um corpo esguio de 16 anos. Ria de tudo que eu dizia, até quando falava sério… além de morar em outra cidade.
Terceiro ano. Cabelos castanhos, covinha do lado direito quando sorria, baixinha, bunda perfeita e corpo de 15 anos. Infelizmente, muito virgem.
Início da faculdade. Cabelos pretos e compridos, sorriso perfeito e pele morena. Ciúmes doentios, brigava por qualquer coisa, com direito a arremessar o que estivesse em mãos, seja um celular ou a aliança de compromisso.
Final da faculdade. Apertava os olhos quando sorria, ficava na ponta dos pés quando beijávamos e gostava de passar as tardes deitada comigo falando sobre qualquer coisa que viesse em sua cabeça. Colocava as prioridades dela sempre em primeiro lugar, não importa como isso pudesse atrapalhar outras pessoas.
Primeiro emprego. Ria na hora certa, inteligente, cabelos pretos, bem curtos e adorava meus amigos. Tratava mal garçons, atendentes e demais pessoas que a serviam, sem motivo aparente.
Voltando para o trabalho, no horário de almoço. Roupa de academia, cabelo cor de mel, rabo de cavalo, meio sorriso no rosto e um quê de sábado à tarde. Preferi ficar com a expectativa.
Amiga de amigo. Divertida, empolgada, engraçada e inteligente. Gostava de fazer monólogos quando conversava comigo.
E, finalmente, a última. A última é inteligente, engraçada, ri na hora certa, divertida, empolgada, cabelo castanho claro, na altura do ombro, nariz arrebitado, grandes olhos verdes que sorriem com ela, covinha na bochecha esquerda, sardas, pele rosada e um corpo perfeito. Só tem um defeito. Ela não gosta de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares